domingo, 27 de junho de 2010

Nova época, nova mentalidade?

Caros portistas,

É com um misto de esperança e receio que encaro as notícias relativas às contratações do nosso clube. Referindo-me concretamente aos brasileiros Souza e Walter, uma vez que Sereno é por demais conhecido e parece estar acima de suspeita, parece-me sempre bem que se contratem jogadores jovens com valor e grande margem de progressão. O facto de serem internacionais sub-20 pelo Brasil é, em princípio, um excelente sinal da qualidade que possuem. Até aqui nada contra.
O valor dos passes também não é algo que assuste por si. O Porto terá comprado 75% do passe de Souza por 3,75 M€, o que significa que o custo do jogador poderá ascender a 5 M€ no total. Walter, a confirmar-se, é substancialmente mais caro mas, mais uma vez, nada me incomoda que se pague 12 M€ por um jogador de 20 anos com a perspectiva de o vender mais tarde por um valor na casa do que foi pago por Lucho ou Lisandro. Para mim nenhuma destas aquisições cai fora do modelo de sucesso que o Porto tem vindo a colocar em prática com os resultados que estão à vista nos últimos anos.
Mas se o modelo de negócio não é novo, a idade dos jogadores é! E é precisamente aqui que entra o receio. Salvo raras e honrosas excepções, se a memória não me atraiçoa, jogadores de tão tenra idade não têm vida fácil no Porto. Mesmo os que conseguem permanecer no plantel jogam pouco. Claro que os "Andersons", graças a Deus, lá vão aparecendo. Mas os "Andersons" não nascem debaixo das pedras e não os há por aí aos pontapés. Mesmo o Anderson andou pela equipa B uns tempos. Admitindo como certo o grande valor de ambos os jogadores, afinal são internacionais pelo Brasil e isso não é para qualquer um, resta saber se estamos perante uma variante do modelo motivada por um treinador capaz de dar uma resposta mais rápida na integração e aproveitamento dos reforços ou não. O receio deriva precisamente da eventualidade de se estarem a contratar jogadores a preços significativos para "rodar". Teremos tempo para isso num momento em que perdemos o título e temos um plantel em clara desvantagem qualitativa para o nosso principal rival? É que ser portista não é ser ceguinho. É olhar para as coisas tal como elas são, admitir sem receios ou complexos que neste momento o Benfica tem um plantel melhor que o nosso, e perguntarmo-nos o que é necessário fazer para ultrapassar o problema. A solução não me parece ser comprar para emprestar...
E é precisamente aqui que entra a esperança. A esperança de que finalmente tenhamos um treinador capaz de integrar e fazer render jogadores de 20 anos. A esperança de não ter que ouvir novamente a tanga do "plantel em reconstrução" para encobrir a falta da capacidade para integrar com sucesso jogadores novos, sejam eles jovens ou experientes. A esperança de finalmente termos um treinador que coloque a equipa a jogar de uma forma em que todos nós nos possamos rever nela, nos possamos identificar com ela.
Como portista quero ganhar sempre, claro. Mas acima de tudo quero ver o Porto ganhar por ser capaz de ganhar e não, como ouvi recentemente numa expressão que considero feliz, "por outros serem capazes de perder connosco".

Que a minha esperança se concretize e o meu receio seja infundado.


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